Fui à missa pela primeira vez. Não tenciono voltar.

Sendo que esta era uma das missas mais importantes do ano, se não mesmo a mais importante, estava à espera de uma coisa mesmo gira, e foi por isso que fui. Primeiro houve a coisa do fogo (Jesus é a Luz que ilumina os Homens), e ia toda a gente com as velinhas acesas. Essa parte até tinha a sua razão de ser. Mas por que é que Jesus é a Luz? Não se leu nenhuma passagem "luminosa", não se citou Jesus. Disseram prali umas coisas de "eu renuncio" e "eu creio" e pronto. Depois cantaram umas musiquinhas, que descritas numa palavra eram: horríveis (nada como "Jesus is my Rock"). Até na música conseguem pôr sofrimento...
As passagens que se leram foram a Criação, com o seu célebre versículo vegetariano (Génesis 1, 29) - mais uma vez, ignorado -, a travessia do Mar Vermelho, e a passagem da Ressureição (Lucas). De todas as passagens interessantes que podiam ter lido, foram estas que escolheram... A Criação nem vou comentar. Um discurso daqueles nos dias de hoje não tem explicação possível. A travessia do Mar Vermelho... Quanto a isto só tenho duas coisas a dizer. Primeiro, como é que não se riem quando dizem "os nossos antepassados" referindo-se aos Judeus? Mas será que alguma daquelas pessoas ali tinha sangue judeu? Segundo, como é que conciliam aquele Deus vingativo, sádico e incitador de guerras com o Deus Caritas Est de Jesus? Também não sei qual é a razão de ser de uma música ou hino ou whatever cujo refrão começa com "o Senhor é um guerreiro". Deus pareceu-me um sanguinário.
Fartaram-se de citar "S." Paulo durante a missa. Quanto a isso já disse o que tinha a dizer. Mas não consigui evitar uma certa náusea cada vez que o padre dizia aquele nonsense da epístola aos romanos...
Aliás, aquele padre parecia perito em dizer coisas horríveis. A pior de todas foi qualquer coisa do estilo: "A nossa fé começa na Páscoa, e sem ela não faria sentido. Sem a Ressureição, o Cristianismo não existiria." Hã?? O que eu temia afinal é mesmo verdade: tudo o que Jesus disse e fez antes da Paixão não tem qualquer relevância. Até se podia ter dedicado ao malabarismo que era igual. Se Jesus não venceu a morte, nenhum dos seus ensinamentos tem qualquer autoridade, nem o seu exemplo é bom - é esta a mensagem que se passa na igreja? Isto irrita-me; e faz-me sempre lembrar pessoas que só fazem certas coisas pela recompensa...
Para além da péssima homilia, também não gostei dos rituais todos. Para que é todo aquele senta-levanta-senta-levanta, e as coisas decoradas que se respondem ao padre? E o cestinho da esmola... Não era Jesus que não gostava que se desse esmola em público? (Mt 6, 1-6)
No geral, pareceu-me tudo muito vazio. E se me ponho a imaginar tudo aquilo em latim, como o Bento XVI quer... Definitivamente eu gosto tanto da Igreja Católica como de nozes rançosas, e não fosse o facto de ser dominante neste país e no mundo, estava decidida a ignorar a sua existência até ao final dos meus dias. Não pretendo com isto ofender nenhum bom católico que esteja por aqui a passar - gosto tanto de católicos como de qualquer outra pessoa.
Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles.
(Mateus 18, 19)
Estavas lá, Yeshua? Não te vi.