quarta-feira, outubro 10, 2007

Caminho, Verdade e Vida

Se eu fizesse uma lista das minhas citações preferidas de Jesus, João 14, 6 estaria perto do topo. Jesus disse:

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Esta frase de Jesus é importante para mim porque é uma espécie de sumário não dos ensinamentos, mas do propósito deles.

Tal como outros líderes espirituais, Jesus fez da sua vida a sua mensagem. Abandonou tudo para espalhar a sua doutrina, e estava disposto a morrer por ela. Tudo o que era suficientemente importante para ser registado por escrito sobre Jesus não é propriamente sobre Jesus mas sim sobre o que ele ensinava e como o fazia. O que sabemos sobre Jesus é a sua mensagem. Jesus é a sua mensagem.

Quando nesta frase Jesus diz "eu sou", o que "é" não é ele, Jesus-homem, nem ele, Jesus-mestre, mas sim ele, Jesus-mensagem. Está escrito "eu sou", mas podia estar escrito "a minha Mensagem é":

A minha Mensagem é o Caminho, a Verdade e a Vida.

A Mensagem de Jesus é o Caminho para o Reino de Deus. Convém aqui clarificar que o Reino de Deus tal como Jesus o entendia não é sinónimo de Paraíso nem de Céu. O Reino de Deus não é um sítio para onde se vai, é um estado de espírito. Como disse Jesus, "o Reino de Deus está dentro de ti." (Lucas 17, 21) O Reino de Deus é a Felicidade suprema.

A Mensagem de Jesus é a Verdade. A Verdade manifesta-se de várias maneiras, mas é apenas uma. Não é mesmo à toa que se diz que o Amor é a religião universal.

A Mensagem de Jesus é a Vida. Existir não é viver, toda a gente sabe. Jesus mostra-nos o Caminho para a felicidade e por conseguinte para a Vida boa plena, e para a eternidade, que se atinge em vida não depois da morte.


É muito interessante notar que os primeiros cristãos não denominavam a doutrina que seguiam por Cristianismo mas simplesmente por Caminho, e tinham por objectivo aplicar os ensinamentos de Jesus em vez de lhe chamarem "Senhor, Senhor" (Mateus 7, 21). Gosto dos primeiros cristãos.

sexta-feira, setembro 14, 2007

A César o que é de César

Não gosto quando tentam transformar Jesus num rebelde político. A mensagem de Jesus não tem nada a ver com política, não tinha no tempo dele, não tem agora, e não irá ter nunca. Quando os Judeus estavam sob o jugo Romano, Jesus não fez nenhum apelo à rebelião. Pelo contrário, o seu comentário à situação foi muito interessante. (Mt 22, 15-22)

A história passou-se assim: uns fariseus queriam ver se apanhavam Jesus em falso nas suas doutrinas, por isso decidiram fazer-lhe uma pergunta com armadilha. Perguntaram-lhe: "É lícito ou não pagar o imposto a César?" Esta pergunta traz água no bico. Se Jesus respondesse que não, podia tornar-se rebelde aos olhos dos romanos, se respondesse que sim, ficava mal visto aos olhos dos judeus, por aceitar a submissão do povo.

Mas claro que Jesus os topou logo. Pediu que lhe mostrassem a moeda do imposto, e perguntou, "De quem é esta imagem e esta inscrição?" É de César. Então Jesus disse:

- Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

Esta é bem capaz de ser a frase mais separatista do estado e da Igreja em toda a Bíblia. Depois dela, é ridículo insinuar que Jesus era um rebelde político. Rebelde espiritual, talvez, mas político, nunca.

Lembrei-me desta passagem quando no outro dia estava a ver uma reportagem sobre a religião nos Estados Unidos. Aquilo é assustador: eles juntam-se por denominações e votam em massa nos candidatos que estão mais próximos dos seus dogmas e ideais. Os padres/ pastores/ líderes espirituais fazem mesmo campanha durante os serviços religiosos… E depois, claro, temos o famoso "God bless America" no final de todos os discursos do presidente.

Nos dias que correm não se justifica um estado ligado à religião, seja ela qual for. Só traz problemas. Especialmente se o livro dessa religião especificar o território que lhes pertence por "desígnio divino" – mas isso são divagações para outro post. As decisões do Governo não devem nunca ser influenciadas pelos preceitos religiosos. Há tantas religiões diferentes em cada país que jamais seria possível agradar a todos, por isso mais vale deixar a religião de lado definitivamente.

Claro que isto não significa que se tomem decisões sem qualquer tipo de background moral. Devem existir valores e ética pela qual o Estado se rege, que ainda tem o bónus especial de ser comum a 99% de todas as religiões. Também acho que um cristão deve votar enquanto cristão – mas não necessariamente no candidato "cristão", se é que isto faz algum sentido.

Mas acima de tudo, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Gostava de deixar de ver bispos em cerimónias do Estado. E gostava que não tivessem dito que "a Igreja perdeu" quando o sim ganhou no referendo do aborto.

sexta-feira, agosto 24, 2007

To be Christ-like

Estava hoje a ler este post. A parte interessante aqui para o caso é o primeiro parágrafo:

This is my confession; I use to believe that I could be like Christ! Yes! I had the audacity to think that I could live a sinless life (the way our Lord did).

O autor do post diz depois que prefere seguir um modelo mais "humano": Paulo (lol?).

Esta é uma atitude que já vi antes, e que nunca hei-de compreender. Neste contexto, ser como Cristo significa ser perfeito. A mim parece-me um bom objectivo: ser perfeito. Porquê mudar esse objectivo para "ser menos que perfeito"? Se nunca procurarmos a perfeição, nunca a atingimos. Claro que o provável é também não a atingirmos mesmo que a procuremos, mas neste caso pelo menos tentámos.

Acho que no fundo, isto acaba por reflectir um tipo de mentalidade muito típica entre certos cristãos. A ideia do sofrimento eterno, da negação total do self (no sentido psicologicamente mais negativo), e uma data de outros complexos. Somos humanos: temos os nossos defeitos, as nossas falhas; está na nossa natureza, paciência. Mas também não somos um monte de lixo sem qualquer valor! E não faz qualquer sentido seguir uma doutrina se não se quer atingir o objectivo máximo da mesma.

Esqueçamos "Cristo". Pensemos antes em "Jesus", que era homem. Jesus disse e fez muitas coisas boas, e uma das coisas que é importante lembrar é a recomendação que ele deixou: sigam o meu exemplo, façam como eu.

É um uma perda de tempo andar a seguir o exemplo daqueles que seguiram o exemplo de Jesus. Em vez de jogarmos ao telefone avariado, mais vale ir directamente à fonte. Se é uma questão de estatuto, eu voto em que se passe a dizer Jesus-like em vez de Christ-like. Assim evita-se essa "arrogância" que preocupa tantos cristãos.

É claro que não há nada de errado em seguir o exemplo de outras figuras importantes. Pessoalmente, admiro Maria Madalena e João. E tenho uma preferência especial por Tomé, o discípulo céptico. Mas não acho que faça sentido absolutamente nenhum imitar os Discípulos e não o Mestre.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Shalom <3

Não sei porque é que às vezes estas coisas acontecem, mas acontecem. Uma pessoa fica com a cabeça cheia de coisas, e uma ou outra acaba por ficar esquecida. Bem, não inteiramente esquecida, mas...

Hoje calhou tropeçar num link para o site da Anne Rice (sim, da Anne Rice!). A frase que fez o "click" foi "Commitment to Christ is by its very nature absolute." Seja Christ, Lord, Master, Teacher, ou Jesus, seja qual for a palavra que se queira encaixar nessa frase, uma coisa é verdadeira e incontornável: neste contexto, "commitment" e "absolute" estão sempre juntos. Ou deviam estar.

Tenho aqui o Buddy Christ ao meu lado, com aquele sorriso e aquele thumb-up muito cool. Right back at you, mate. Desta vez prometo que não desapareço.

sábado, junho 23, 2007

Adonai Elohim?


Olhai: Ele vem no meio das nuvens! Todos os olhos o verão.
(Apocalipse 1, 7)