quinta-feira, abril 27, 2006

Jesus, o fixe

sábado, abril 22, 2006

S. Judas Iscariote

Quando eu era mais pequena e não sabia nada da história de Jesus, e não sabia sequer o que era um apóstolo, via a coisa como os católicos: Jesus era o bom, e Judas o mau. Judas era o ajudante do diabo, vendeu o Mestre e depois matou-se. Por todas estas coisas foi para o Inferno. Isto fazia sentido, porque em qualquer história há os bons e os maus, e os bons ganham sempre e os maus perdem sempre. Mas agora que já estou mais por dentro do assunto, vejo que tudo nesta história é ilógico.

Não se pode negar o facto que Jesus gostava de Judas. Escolheu-o para ser um dos Doze, e deu-lhe até um cargo de elevada responsabilidade (tesoureiro). Foi na presença de Judas, (bastante antes da última ceia), que Jesus declarou que os Doze se sentariam com ele no Céu, em doze tronos. É de notar que depois de dizer isto, Jesus não se virou para Judas e disse, "mas tu não, pá." Esta promessa só é de facto relevante se se acreditar que Jesus sabia todas as coisas. Mas se sabia tudo, também sabia que Judas o ia trair. Sabendo isto, porque é que lhe prometeu um lugar no Céu? E porque é que todos os estudiosos cristãos ignoram esta passagem?

Mesmo ignorando essa passagem há outro episódio que não deixa grande margem para outras interpretações. Durante a última ceia, Jesus começou um discurso estranho anunciando o seu sacrifício. Os discípulos perceberam que Jesus iria ser entregue às autoridades judaicas, e perguntaram sucessivamente se seriam eles a cumprir essa tarefa. Jesus disse que quem o entregaria seria aquele a quem ele desse o pedaço de pão. Então molhou o pão no prato e deu-o a Judas. Alguns cristãos interpretam isto como sendo uma prova de que Jesus realmente sabia todas as coisas, mas se ao dar o pão a Judas, Jesus não fez mais que dizer 'eu já sei, vai lá depressa', então porque é que não há nenhuma atitude de revolta por parte dos apóstolos? Seria de esperar que onze homens dedicados, e que não sabiam todas as coisas, horrorizados com a ideia de traição se levantassem e fizessem algo para deter o traidor. Mas ninguém se levanta, e Judas sai sem impedimentos. Onde estava Pedro, o irascível defensor de Jesus, nesta altura? Ele, tão amigo da sua espada, porque é que não a desembainhou e acabou logo ali com o mal pela raiz?

O facto de os apóstolos aceitarem assim tão calmamente a "traição" é já de si algo que não se encaixa na típica história da morte de Jesus, mas há ainda um outro pormenor bastante significativo: o beijo. Posso não saber muito sobre psicologia, mas uma coisa acho que sei: um vilão não beija o herói antes de o entregar à morte. Não é coisa de vilões a sério.

Então, porque é que Judas beijou Jesus? Porque é que não o identificou como qualquer outro teria feito, apontando e dizendo, "é aquele que está vestido de branco"? As palavras que acompanham o seu beijo também são estranhas no contexto da traição. Judas diz: "Salve, Rabi", ou seja Mestre. Porque havia Judas de chamar Mestre a Jesus? Porque não chamar-lhe simplesmente Jesus? Não havia necessidade de formalidades, se aquilo era uma traição. Mas se para ele Jesus era Mestre, isso significa que acreditava no que ele dizia, e se acreditava porquê a traição?

No entanto, se partirmos do princípio que Judas estava apenas a fazer o que Jesus lhe tinha pedido para fazer, esta atitude é compreensível. Chamou-lhe Mestre porque acreditava nele, e deu-lhe um beijo porque é isso que os amigos fazem quando se despedem.

Judas, o vilão? Não. Judas, o Fiel.

terça-feira, abril 04, 2006

Shalom

Jesus cumprimentava os seus amigos e aqueles que o vinham ouvir com uma palavra:

- Shalom.

Shalom é a abreviatura comum de uma expressão ainda hoje usada no Médio Oriente, Shalom Aleichem, que significa 'a paz esteja convosco'. É curioso que se usa sempre no plural, mesmo quando é dirigida a apenas uma pessoa.

Shalom traduz-se por 'paz', mas significa mais que apenas paz. Shalom é A Paz: paz interior, equilíbrio, estado de profundo bem-estar espiritual. Jesus desejava isto a todos os que conheciam e ouviam.

Este blog é o espaço para os meus pensamentos, meditações e conclusões sobre este homem simpático e as suas ideias, e coisas que de um modo ou de outro se relacionam. Gostava que fosse uma lâmpada, porque sei que vou escrever aqui coisas que não são do conhecimento comum. Até gostava de sonhar alto e pensar que vou inspirar alguém. Mas no fundo o que eu quero mesmo é só ter um espacinho para escrever o que penso sobre estes assuntos que raramente são temas de conversa, mesmo que ninguém o leia.

Se estão aqui e estão a ouvir, Shalom!